domingo, 9 de outubro de 2016

Disney Especial 3 Cães e Gatos

Talvez, esta tenha sido a primeira revista em quadrinhos (ou gibi) que tive em mãos. Foi uma edição detonada, que achei na rua. Comecei a ler e me apaixonei (ou me viciei) em quadrinhos.


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PRIMEIRA POSTAGEM


Olá, amigos.

Ante de iniciar as postagens tenho que me apresentar:

Nasci em uma ensolarada manhã da planície ibérica, nos idos do ano de 1369, filho de um nômade árabe e uma espanhola espevitada. Aprendi minhas primeiras letras com frei Agostinho, o qual me passou as primeiras noções da filosofia cristã. Mais tarde, por volta do ano de 1470, tornei-me tão errante quanto o meu pai e fui parar em Florença, levado pela minha curiosidade insaciável e um formigueiro preso no fundo das calças.

Lá conheci Leonardo, um sujeito da cidade de Vinci, com quem dividi meus conhecimentos de matemático, anatomista, arquiteto, poeta, pintor e escultor. Inquieto e querendo fugir dos assédios de uma senhora burguesa, a quem eu apelidara docemente de Monalisa, uma vez mais pus o pé na estrada. Deixei com o jovem Leonardo alguns rabiscos de minhas invenções e voltei para a Espanha, já no ano de 1490.

Foi numa taberna, ao som de um flamenco e regado a muito vinho que contei a um tal Colombo as minhas teorias sobre a circunferência da Terra e a possibilidade de se alcançar as Índias em uma rota marítima contrária à praticada então. Um tanto quanto “burrinho”, o infeliz não conseguiu entender a magnitude das minhas conjecturas, o máximo que aceitou foi uma meia circunferência. Meses mais tarde fiquei sabendo do próprio que ele usou minhas ideias para convencer os Reis Católicos a lhe entregar a direção de uma frota de navios. Despedi-me dele, recusando um convite seu para desbravar novos horizontes.

Precisando de dinheiro, aceitei fazer parte da escolta de um bispo romano, foi onde conheci um frei alemão, cujo nome era Martin Luther ou Luder (sei lá como se pronunciava), mas que eu sempre chamava por Lutero, que era mais latino. Interessado pelas minhas ideias pouco ortodoxas quanto à venda de indulgências pela igreja romana, travamos longas horas de conversa. Com ele fui à Alemanha, onde ajudei na elaboração das 95 Teses. Enquanto Lutero panfletava pela Alemanha eu era obrigado a fugir (com as calças na mão), pois fui flagrado por um nobre ranzinza enquanto ensinava sua jovem esposa a tricotar.

Fui procurar abrigo na cidade luz. Paris era um poço de aventuras nos idos de 1778. No meio do caos econômico e do descontentamento geral, tornei-me mosqueteiro do rei, sob a identidade falsa de Jean Valente. Alguns tiros de mosquetes e outras tantas espetadas de florete e me tornei capitão da guarda da rainha Maria Antonieta. Ao que me apetece tive uma participação subjetiva no nascimento do primogênito do rei, no ano de 1781. Cheio de graça aos olhos da rainha, fui convidado pelo rei para me tornar espião e me infiltrar no meio dos burgueses, pois se acreditava tramar uma revolução. Ainda mais cheio de graça aos olhos de uma burguesinha saltitante, mudei de lado e denunciei todas as facilidades reais para os conspiradores.

Em 1789 a coisa ficou feia na França e, com medo de que a guilhotina também virasse para o meu lado, caí novamente na estrada e voltei à Alemanha, certo de que já me tinham se esquecido da cara, devido ao caso das teses protestantes. Trabalhei por meses na manutenção de moinhos e, nos momentos em que uma pastorinha me deixava respirar, eu bebia vinho numa taberna, discutindo sociologia com Karl Marx. Corria o ano de 1840 e eu, indignado com a burguesia ociosa e minha condição de industriário, discursava em causa própria defendendo a igualdade entre os homens. Inquirido por Karl, sobre o que eu achava da religião, eu , já meio rouco e entupido de cerveja, desabafei: “A religião é o suspiro do ser oprimido, carente, que busca no espiritual um alívio para a realidade dura!” Extasiado, ele aplaudiu sorrindo e completou: "É, eu sei, a religião é o ópio do povo!"

Na virada do século fui garimpar ouro nas minas de carvão da Rússia. Lá, conheci um jovem seminarista de nome Vladimir, a quem apelidei de Lenin, devido ao sobrenome que nunca consegui pronunciar corretamente. Ele se interessou muito pelas ideias que eu e Karl Marx desenvolvemos sobre o capitalismo e fez o que fez lá, na Rússia. De lá também fugi com as calças na mão, antes que a revolução me taxasse de contra-revolucionário. Afinal, Lenin não era assim, tão confiável.

Depois de muitas peripécias pelo mundo afora, em 1963, aportei em berço nem tão esplêndido, nas terras tupiniquins. De onde não saí até hoje, correndo atrás de aventuras e fugindo do perigo.